quinta-feira, novembro 26, 2009

Presunção desregrada

Da última vez terminei a postagem lançando uma modesta crítica ao dizer que estava a encerrar de forma luftiana porque fico apreensivo quando leio os textos dela, Lya Luft, e percebo de canto de olho que está próximo de terminar e ao chegar ao derradeiro momento parece que me tomaram o prato de comida no meio da refeição! Mas, afinal, quem é Lya Luft?

"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe." - essa é Lya Luft.

Conheceu seu primeiro marido aos 21 anos, ele tinha 40. Teve três filhos. Dos 25 aos 47 anos foi casada com Celso Pedro Luft. Separou-se dele em 1985 e foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em 1995.

Textos amenos. Uma espécie de fingimento de que na vida tudo é bom. A morte é encarada como uma coisa normal. Mas gostaria que todos os seus amigos fossem eternos. Mesmo assim, acha a morte uma coisa mágica.

A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje é quase uma imposição: a ordem é fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem é não fumar, não beber. É essa loucura o dia inteiro na cabeça. Quem não for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trás. Hoje as pessoas estão sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessário. Especialmente as mulheres que fazem plástica logo que vêem uma ruga no rosto. Plásticas de inteira inutilidade. E isso também inclui a febre atual da mídia, particularmente nas revistas femininas. Só se fala como se pode ter vários orgasmos numa única noite. Só se fala em como a mulher deve agir para segurar seu homem pelo sexo, especialmente o oral. São fórmulas de um mundo conturbado, que foge ao afeto, distante de qualquer felicidade. Essa é outra coisa para o enlouquecimento. Em todo lugar, o que existe é a supervalorização do sexo. Quem não estiver fazendo sexo sem parar o tempo todo passa a ser anormal. Muita gente fica complexada porque não consegue vários orgasmos numa noite. É tudo uma imposição."

"Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar me dá uma enorme alegria. Além disso, sou uma mulher simples, em busca cada vez mais de mais simplicidade. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer. Sou uma amadora da vida." Quem não merece respeito algum de ninguém?-lhe perguntaram- "Todos merecem algum respeito, no mínimo compaixão".

"Normalmente produzo mais de manhã bem cedo. Gosto de ver o dia nascer, aqui na minha mesa de trabalho e do meu computador". Bem, se você ainda não exergou a Lya Luft que existe em mim, pode vislumbrar uma pequena parte ao simplesmente tomar nota do horário que escrevo aqui.

Esses Beatles ...

Digo que fico perplexo com coincidências porque são tantas coisinhas que acabam, redundantemente, coincidindo que você para pra pensar e resolve escrever!

A última foi numa tarde em que eu estava fazendo nada, minha sobrinha ligou a televisão e colocou em um canal de esportes. O cara começou a falar de seleção brasileira, jogadores brasileiros que jogam fora do Brasil, jogadores que estão na Inglaterra, Fábio Aurélio... que joga no Liverpool e mora em um condomínio de mansões atrás de Strawberry Fields. Daí começaram a falar dos Beatles. Não sei da onde eu tirei, mas associei uma coisa à outra e procurei pela letra de "Dezesseis" do Legião Urbana e lá estava o elo perdido! Aquele trecho da música em que todo mundo nas rodinhas de violão canta "istró bé with you, foreveeer", descobri o danado!

Me sinto envergonhado por ainda falar que curto Beatles, mas feliz ao mesmo tempo por ainda descobrir coisas novas de uma fonte que não pode produzir mais nada.

Ia dizer que agora você me perguntaria "e o que que eu tenho a ver com isso?", mas foi um exemplo banal, com certeza já aconteceu algo parecido contigo. Detalhes são sexy. O trivial é maçante. Viva à frivolidade! O que seria do bolo sem a cobertura e as cerejas?

Se você deve ao Dinho...

Quem curte um Pagodinho?(quem não entendeu o trocadilho mande um e-mail que eu vos elucidarei).

Eventualmente vejo alguns amigos relutando para não curtir aquele sonzinho "mela-cueca" que não sai da cabeça, tem ritmo e dá vontade de dançar. Uns enchem o peito para dizer: "Eu gosto é de samba!". Acontece é que há toda uma indústria especializada para a criação de músicas populares que agradem de forma subliminar.

Letra. O tema na maioria esmagadora das vezes é desilusão amorosa, final de relacionamento, paixões & cia. Isso já ajuda para criar um vínculo com o ouvinte, afinal a sociedade inteira já se viu em meio a uma situação dessas.

Arranjo. É todo um preparo, similar à criação dos jingles que querem atingir o consumidor no inconsciente: "Pipoca e guaraná, que programa legal! Só eu e você..." é, amigo, tá ali no mesmo barco. Essas coisas que não saem da cabeça! Cara, acabei de descobrir que eu tinha 3 anos quando passava essa propaganda, puta que o pariu, eu lembro da letra todinha, direitinho! Enfim, são músicos, pessoas que estudaram/estudam música e que sabem sequenciar acordes de forma harmônica a fim de através de notas nos conduzir pelo som.

Propaganda. Veiculação nas rádios com grande número de ouvintes. A chance de você acabar ouvindo sem querer por um veículo transitando, em algum estabelecimento ou na casa do vizinho é bem grande. Programas de auditório, casas de show com preços populares, entrevistas na mídia, comerciais, outdoors, internet... lembrem-se o alvo é a massa: vender muito e pra muitos.

Bola de neve. Um amigo mais inclinado a gostar de pagode começa a disseminar em seu grupo social o novo hit quando o pessoal pega uma carona no carro dele ou estão na sua casa e ficam sem jeito de pedir para mudar de música. Os grupinhos de pagode da esquina começam a tocar as mais pedidas da rádio. Quem ainda não ouviu quer ouvir, conhecer qual é a música que anda fazendo tanto sucesso. A mídia volta a enfocar o grupo por conta do sucesso que anda fazendo...

Para não me estender muito, ocorre essas e outras muitas situações que se somam a essa dita bola de neve. Daí a gente fica ouvindo e cantando até cair no esquecimento. Costumo falar para meus amigos que também gostam de samba que o pagode é a amante e no final a gente sempre acaba voltando para os braços da primeira-dama. Afinal, quem tem competência se estabelece: sambistas que há muito se foram são constantemente lembrados, já os pagodeiros que não lançam músicas novas com frequência acabam caindo no ostracismo. (Vou terminar assim mesmo, hoje estou meio Lya Luft).

Voltei por caqui

Quando era moleque eu tinha uma fixação por caquis. Achava fenomenal alguém fazer uma música dedicada a uma fruta! O cara volta... agora pra ficar, por caqui! Caqui é o seu lugar! Cara eu achava lindo, comia caqui cantando essa música, lembrava do cachorrinho da propaganda da Cofap... até que descobri a letra certa. Lembrei do pessoal lá em casa rindo e eu crente que eles achavam bonitinho eu cantar a música, mas estavam era achando graça da minha confusão. É igual aquela galera que depois de grande descobriu que o símbolo do Carrefour não era um etezinho de gôrro, mas sim uma subliminar letra C.

Enfim, isso foi o que me lembrei ao colocar esse título. Lembrei também agora da confusão que eu fazia nas aulas de redação quando não conseguia diferenciar título de tema e vice-versa, mas isso já é outra história. O motivo desse título é explanar para alguns leitores que não gozam do meu convívio social de forma mais íntima e não tiveram como saber o que foi meu mês de outubro e meu mês de novembro. Interrompi uma sequência de postagens e leituras de blogs porque só tinha um tema em mente e anseiava ser lido por apenas uma pessoa, daí resolvi ocupar meu tempo com outras atividades.

Eu poderia ter citado uma obra do magnífico compositor que foi Candeia antes de me ausentar, mas não ousaria desbotar o brilho das palavras do mestre com coisa deveras medíocre. Em uma de suas letras ele escreveu:

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...


Candeia vale um livro, mas deixo aqui uma nota sobre esse carioca de Oswaldo Cruz. Sambista de primeira que teve sua vida marcada por um caso fortuito que o deixou paraplégico, mas como disse Martinho da Vila em um pot-pourri em sua homenagem: "Se Candeia não vai ao samba, o samba vai até Candeia!". Andava desgostoso da vida até que com muita insistência o levaram ao Teatro Opinião. Ao entrar de cadeira de rodas fora aplaudido de pé. Começou a tocar seu violão, de forma calma e gentil até todos ficarem atônitos e silenciosos, e então disparou: "De qualquer maneira, meu amor, eu canto. De qualquer maneira, meu encanto eu vou cantar". Após várias músicas, foi se recolhendo do palco lentamente enquanto a plateia cantava em uníssono esse mesmo verso. Morreu aos 43 anos, todavia, como no caso de outros grandes artistas, a sua obra está sendo perenizada por musicos de variadas gerações.

Fico me perguntando se estou deixando de viver hoje algo que meus filhos irão vir a lamentar pelo meu desleixo. Fico pesaroso ao saber que meu pai não se fazia presente nas rodas de samba dos grandes mestres, da nata da vida boêmia dos tempos de ouro do Rio de Janeiro! Minha mãe ao menos curtia os beatles! Será que meus filhos serão fãs de Nx Zero & amigos? "Pai, não acredito que você não ia aos shows do Forfun!!!". Foi mal, filhão!

domingo, novembro 15, 2009

Que dure enquanto for eterno

Não é a presunção de que o relacionamente fique no mar de rosas pra sempre, mas que se tenha a vontade do "pra sempre" à todo momento. Apesar de chateações, brigas e frustrações. Que se tenha respeito, conversa e amor.

Que seja em meio a jogos de sedução ou a sinceridade que machuca, que se tenha a vontade de ir à frente, de jogar pra ganhar, o time que não joga a toalha diante de um maracanã lotado.

Não quero o time perfeito por ter todos os melhores do mundo em todas as posições, quero o time guerreiro que consegue extrair o melhor de cada um e se superar com a ajuda do outro, com a fome de vitória - eu quero raça!

Não são as viagens à Europa e os jantares à luz de velas no restaurante francês naquele balneário paradisíaco, são as botecadas de meio de semana, o misto quente preparado especialmente-pra-você e o café com suíta.

São os amores que reconhecem a tênue diferença entre o "seja eterno enquanto dure" e o título dessa reflexão. Todavia, entre um e outro, fico com Paulo Leminski nessa:

Objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

Seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

Faça qualquer coisa
mas pelo amor de Deus
ou de nós dois
seja

terça-feira, novembro 03, 2009

Inveja saudável

Salvo engano, Chico Anísio ou Jô Soares uma vez disse que se rasgava de inveja por não ter escrito Águas de Março.

Hoje li minha Águas de Março. Ou não. É simplesmente um lindo poema que gostei e quis enunciar de forma diferente.

Sem mais delongas:

Sou parte do tudo
O pedaço que é feito de nada
Sou aquilo que você tem mais medo
Por ser o que mais te agrada

Sou uma sombra sólida
Um caminho que não tem rumo
E quando você pensa que me achou
É aí que sumo

Sou as lágrimas da tempestade
Com o choro de trovão
Sou quem te nega um olhar
Mas te entrega o coração

Sou mais do que você pensa
Mas menos do que realmente sou
Sou quem mais acerta
Por ser quem mais errou

Sou só, cheio de amigos
Acompanhado de solidão
Sou o que existe de mais real
Mas que é feito de ilusão

Sou uma peça nesse jogo da vida
Um leigo que sabe de tudo
Sou mais uma cara perdida
Em busca de paz nesse mundo.


Pior que se desconhece a autoria!

Bandeira branca, amor

Irremediavelmente sem forças. A própria personificação moderna da figura épica que era detentor de tamanha força mesmo antes de nascer, pois irrompera de dentro de mulher estéril e veio a tomar forma de um homem magnífico digno de ter seus feitos mantidos à posteridade no livro dos Juízes: Sansão.

Certa vez rasgara um leão moço ao meio, acabara com um exército de homens e também com uma imensa construção usando seus próprios braços. Sua força era dada por seu deus e mantida por este desde que permanecesse a cultivar suas madeixas. Após apaixonar-se e confiar em Dalila, esta o levou à perdição e morte.

Este não é um bilhete póstumo, seu corpo não está morto. Entretanto, sua alma está caminhando vestida de branco segurando suas havaianas em uma das mãos à beira de alguma praia bonita digna de final de filme, está de licença médica do serviço. Enquanto isso, prega peças a si próprio: raspou todos os cabelos de sua cabeça. O Sansão pós-moderno dos confins do Rio de Janeiro incorporou sua algoz e invadiu a história de outra personagem e jogou-se à cova dos leões. Abriu mão de sua força, abortou a fuga e sucumbiu à pena do tempo. Seus advogados acreditam que ele sairá em breve devido a seu bom histórico e se deveras apresentar bom comportamento.

Seus conhecidos mal o reconhecem sem seu arranjo capilar, seus amigos, e ele próprio, o confundem com o leão que outrora fora rasgado ao meio.

Em uma tarde preguiçosa de sol morno e vento leve, daqueles que nos dizem que só pode ser domingo, em pleno dia de finados, Sansão que cansara de fazer a parte de Judas contra si próprio, em seu último ato relembra Dalva de Oliveira. Diz a seu coração que não pode mais, ergue bandeira branca e pede paz.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Comentários internet afora vol. 2(?)

Estou há quatro anos tentando encontrar tempo e motivação para personalizar o layout do blog. Agora estou tentando montar uma barra lateral com a lista dos blogs que sigo, mas toda vez que vou entrar neles para pegar os links os danados estão cheios de atualizações... aí acabam comigo!

Quem não entender, veja o http://www.memoriavazia.blogspot.com/ :

"Vejo muito de mim, o que penso, o que sinto, em você. Apesar de não termos meios em comum, pessoas ou cotidiano. A gente defende nossos pontos de vista de forma casuísta. Me surpreendi fazendo conjecturas sobre o que você disse a respeito de pessoas de verdade enfurnadas em casa longe do nosso raio de alcance, envolvimento, enquanto subia a escadaria da faculdade até a coordenação. Fora de contexto assim mesmo. Imaginei um encontro regional de pessoas interessantes. Mesmo que os convites fossem espalhados subliminarmente em filmes franceses de segunda, em livros de autores ótimos conhecidos por uma minoria ou em blogs escondidos na página 62 de 398 em uma busca do google, os interessantes só teriam mais um objeto para levantar hipóteses e formular teorias. Talvez seja a seleção natural, um balanceamento dos opostos para gerar a média e não termos uma sociedade dividida por casais perfeitos e casais conformados. Eu que sou homem já estou acostumado com a aversão do sexo masculino por essa prática. É só você ir ao futebol de algum amigo seu e vai ouvir o pessoal rechaçando a "panela", aquele time formado pelos melhores jogadores e que mesmo ganhando tudo não proporcionam diversão pra ninguém - pra eles fica muito fácil e para os outros fica frustrante.
Já li em algum lugar que eu poderia ter uma mente feminina em alguns aspectos. Mas onde diabos está escrito que a mulher tem que ser a romântica e o homem o putão? A sociedade atual não permite rótulos, a gente tá aqui pra viver da forma que acha mais conveniente. Ao mesmo tempo que penso em me envolver só para ensinar algo enquanto me delicio com um lindo par de coxas, vejo que nunca me envolvi com alguém que eu não tenha cogitado viver longos anos e o quanto gozei, aprendi e sofri. Enquanto não aprendo a ser cínico e um diabo passivo e cômodo, vou continuar a dar com burros n'agua e lamber os dedos após a mesa ser retirada.
Um abraço!"

quarta-feira, outubro 28, 2009

Quando me amei de verdade

Tenho transcrito mais do que criado. Estou em uma fase de ouvir mais do que falar. Sou grato pelo o que aprendi, pelo o que me fez rir e pelo o que me fez chorar.

Penso na forma tão leviana que as pessoas teimam em dizer que se amam. Blefes que tentam esconder a angústia da incerteza e da insegurança. Não é de todo a falta de autoestima, mas estimam o objeto errado. Amam seus músculos, seus bens, suas conquistas... estudam formas de transparecer seu portento displicentemente para se sentirem bem com a expectativa da admiração, mesmo que anônima.

Transcrever algo que nos toca transcende o hábito de repassar e-mails, compartilhar ideias ou ajudar a difundir uma corrente. Fiquei feliz ao me identificar com essas palavras e vislumbrar mudanças em minhas atitudes, minha personalidade, de forma tão significante praticamente de um dia para outro. Afinal, quando que largamos os brinquedos de infância? Quando foi a última vez que sua mãe te deu banho? Quando você largou a chupeta? Simplesmente acontece. E que delícia esse cheiro, esse gosto do porvir!



Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar.

Hoje sei que isso tem nome Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional não passam de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é Saber viver!!!

terça-feira, outubro 27, 2009

Viver é recordar e vice-versa

Me pediram o link de um texto que escrevi sobre amizade há alguns anos e acabei achando outras duas pérolas que resolvi mandar um "salve" por aqui.

Me pediram o da AMIZADE, acabei achando o Que homem nunca... e o terceiro, que não é de autoria minha, mas li enquanto fazia um dos ítens que listei no "que homem nunca": pedir a "Capricho" da amiga emprestada!

Muito interessante, do Antonio Prata:

O SALTO
(Antonio Prata)

A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato -- pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente -- você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.
Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachudos, a primeira visão de seu necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar – você me agarrando com as pernas e tapando o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas -- mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário, um tatu bola na grama de um sítio, algumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.
Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?
Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte -- quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar. Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo -- o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão --, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.

Lindo. Lembrei de outro que dizem que é do Drummond, mas ele não me disse se foi ele mesmo que escreveu:

Viver não dói

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, outubro 22, 2009

É... acordei e constatei que a vida acabou, o sol não saiu do lugar, o vento não parou de soprar e o mundo não parou de girar.

Amigos aconselhando, familiares consternados e coração apertado. Situação difícil que a gente sabe que passa, mas dói pra cacete. Pensamentos correndo à toda, a gente começa a achar que tudo que dizem ou fazem é um sinal, tudo que é música parece que fora escrita em homenagem ao nosso momento.

Mas se é pra escolher uma música, vou de "Sentimental demais" do saudoso Nelson Gonçalves, passando por "Faz tempo" da baianíssima Ivete e termino com "O que é, o que é" do mestre Gonzaguinha, afinal,
"E a vida...
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

(...)

Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer..."


Enquanto escrevo este a Ivete tá cantando em meu ouvido:

"No céu a Lua
Que um dia eu te dei...

Pra brilhar
Por onde você for
Me queira bem
Durma bem
Meu amor..."

Sem temer a pieguice extrema concluo com Drummond sabendo que daqui a algum tempo irei reler isso aqui fazendo chacota dessa sensação de final de novela que encharca meu peito hoje:

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

segunda-feira, outubro 12, 2009

A pseudo-arte do cinismo

"Adj. 1. Relativo à seita filosófica dos que desprezavam as conveniências e fórmulas sociais." - Assim que o Michaelis começa descrevendo o vocábulo. Tal seita fora fundada por um discípulo de Sócrates 400 anos antes de Cristo e tinha como princípio escarnecer e desprezar o estilo de vida de outros que não compartilhavam do mesmo desprendimento.

"Imoral e impudico"- os santos exclamavam a plenos pulmões diante das obras de Nelson Rodrigues, diabo lúcido e impassível, ou anjo pornográfico, como o próprio se descreveu. Um gênio do dois mais dois que radiografava a alma das mocinhas e amaldiçoava a felicidade eterna dos noivinhos cegos pelas historinhas infantis onde A vida como ela é vive entre os monstros da floresta, enfeitiça maçãs e alimenta seus cães com corações partidos. Dizem que nasceu velho, com pouca boca e quatro olhos. Além de assustar incautos que ousavam tomar nota de suas obras, apoiara a ditadura, escrevera sobre mães que idolatram os filhos, pais que os renegam, a empregada doméstica estereotipada, a força do dinheiro e assuntos afins, poesia de asfalto que excita e apavora.

Nos dias em que não se sabe se o amor está superestimado ou deveras muito banalizado, só tem consciência que cresceu quem já se viu em meio a uma tragédia rodrigueana com direito a amor louco, traições, desilusões e condescendências.

"2. Que ostenta princípios e atos imorais." - Continua o dicionário, dissecando o âmago dos seres humanos, que ao atingirem a maturidade entendem sua natureza e aprendem a viver como cães selvagens. Sim, que inventem outro vocábulo para o fiel animal que apesar de agir por instinto, beija a mão que lhe afaga: de origem grega, kynikós, relativo à cães, também é de onde deriva o adjetivo "cínico".

Tome a pílula vermelha do cinismo e siga o coelho até o final da sua vida ilusória. A infelicidade é como uma bactéria, cada dia se descobre novos lugares em que ela se prolifera apesar do ambiente totalmente inóspito, seja dentro de um vulcão, seja na exosfera, dentro de um casamento feliz ou de uma vida abonada.

A ignorância é sim uma benção, mas a lucidez é um caminho sem volta. Muitos são os nostálgicos que recorrentemente lembram dos bons tempos da simplicidade da alma, tentam disseminar o niilismo, pensam que conseguirão se enganar se virem alguém concordar que é possível voltar a ser cru e inocente. "Bendito seja eu por tudo o que não sei, gozo tudo isso como quem sabe que há o sol", disse Fernando Pessoa.

Na obra "Aprendendo a viver" de Sêneca, há uma parte especial em que este discorre sobre o erro capital dos que insistem em mensurar a felicidade:

Vou dizer-te qual a origem donde provém este erro: da ignorância de que o que caracteriza a vida feliz é a sua unidade. É a qualidade, não a dimensão, que grangeia à vida esse supremo estado. Por isso mesmo, a vida feliz é simultaneamente longa e breve, difusa e limitada, disseminada por muitos lugares, por muitas áreas, e concentrada num único ponto. Quem avalia a felicidade em números, medidas e partes está-lhe por isso mesmo roubando o que ela tem de melhor. E o que há de melhor na felicidade do que a sua plenitude? Imagino eu que toda a gente pára de comer e de beber quando está saciada. Este come mais, aquele come menos; mas que importa isso se ambos se sentem satisfeitos? Este bebe mais, aquele bebe menos; mas que importa isso se ambos mataram a sede? Este viveu mais anos, aquele viveu menos; isso não tem importância desde que a provecta idade do primeiro e os breves anos do outro os tenham feito igualmente felizes. Aquele a quem tu chamas "menos feliz" não é de fato feliz, porquanto este predicado não é susceptível de conhecer gradação.

Aos cônscios protagonistas do dia-a-dia resta a loucura e a incessante busca de colecionar efêmeras gotas de felicidade, porque, afinal, "isto é Bossa Nova, isto é muito natural".

segunda-feira, setembro 28, 2009

Botecada

"Os bares morrem numa quarta-feira", por Paulo Mendes Campos serviu de inspiração para uma postagem do Szegeri em seu blog. A li depois de ter encontrado o blog do "Felipinho" Boemia e Nostalgia. Como sou fã de ambas, não pude deixar de apreciar o conteúdo do blog do qual eu recomendo para degustação a postagem sobre uma de suas musas nos tempos de puberdade e outra sobre o saudoso restaurante em que seu pai era sócio, El Faro .

Um amigo de Kafka conta que este arquitetava o seguinte: um homem desejando criar uma reunião em que as pessoas aparecessem sem ser convidadas. As pessoas poderiam se ver ou conversar sem se conhecerem. Cada uma faria o que lhe aprouvesse sem chatear o próximo. Ninguém se oporia à entrada ou à saída de ninguém. Não havendo propriamente convidados, não se criariam obrigações especiais para com o anfitrião. E o espinho da solidão doeria mais ou menos.

É possível que Kafka não haja escrito esta alegoria por ter percebido que a mesmo já existia corporificada sob a fora de cafés, restaurantes e bares. Mas o episódio pode levar-nos a considerar com súbita estranheza o mil vezes conhecido: os bares já eram kafkianos quando surgiram no mundo.

(...)



Após ler na íntegra tive que disparar essa:

"Mas que puta crônica, meu caro!

Quero que me digas o que chega a ser pior: sofrer uma terrível saudade desses tempos maravilhosos ou nunca tê-los vivido e se ter consciência que daqui a 40 anos minhas lembranças da [vida noturna em] tenra idade serão de tempos marcados por drogados aglomerados ao som de música eletrônica?"

E até arrisquei um verso:

Há um lugar onde cada personagem é principal independente de talento
Tira gosto, cerveja gelada, sinuca e música à contento
Onde a risada de um companheiro vale mais que muito prêmio
Há saudade maior no mundo do que a que sente um boêmio?

sexta-feira, setembro 11, 2009

Eu tenho tanto pra lhe falar...

Pior que com palavras eu sei dizer, mas não é sobre "o meu amor por você". Já que meu interesse pela escrita só deu-se na presente era digital não peguei o costume de escrever notas diárias em papel, e de vez em quando após passar a limpo uma folha de rascunho completa eu faço conjecturas sobre um futuro com a aposentadoria definitiva do papel, seja em nome das árvores ou da preguiça, em que poderemos recortar e colar trechos inteiros de respostas, redações e afins ao invés de rasurar, passar liquid paper, como também entender as letras dos médicos com fonte padrão, copiar a matéria do colega pelo pen drive...

Na maioria das instituições de ensino, hoje se você leva seu notebook pra sala a galera no mínimo acha que você tá querendo se mostrar... Enfim, porque eu comecei a "falar" disso também?

Ah sim, é que o título da postagem traduz a vontade de exprimir pensamentos aqui neste blog que acabam ficando pelo caminho quando alguém liga pra jogar uma sinuquinha, um futebol, assistir a um filminho, jogar um poker... daí como não estou com um meio de digitalizar a idéia para cá, quando sento de frente ao PC já perdi o fio da meada e o repente de inspiração se foi entre um copo e outro.

Com Twitter agora então... se quiser escrever algo o faço dentro dos 140 caracteres limite e salvo tempo pra outra coisa. Vamos valorizar o trabalho de quem estuda pra ganhar a vida na ponta da "caneta".

Como sempre foi, venho visitar esse meu velho amigo quando ele menos espera, quando der saudades ou pra tirar da cabeça aquela idéia que vem martelando.

Caso só volte daqui a um bom tempo, vou arriscar um palpite agora: até o fim do ano 2010 o Google Inc. irá adquirir os direitos do Twitter. Quando começar a bombar isso no google search vocês só me façam o favor de olhar a data em que postei isso quando vocês caírem aqui.

Até 2010!

quarta-feira, julho 01, 2009

Barbárie

Utilidade pública.
Venho através deste entrar em contato com a senhora com fins de privacidade entre seus conhecidos.

Olá, Isabel!
Desculpe-me a intromissão, ainda mais no meio do que percebo ser seu recém casamento, mas ao tomar conhecimento dessa história você entenderá o motivo de minha sensibilização.

Toda a comunidade da internet não só nacional, como também internacional está chocada com a perversidade que foi supostamente praticada pelo "Gabriel Candido oliveira", "Danillo Terra de Araújo" e mais outros garotos.

A senhora poderá verificar o vídeo no link a seguir e tirar as suas concluões, e se realmente identificar os meninos, peço encarecidamente em nome da indignação do povo brasileiro que leve o caso a conhecimento dos pais desses meninos e das autoridades competentes :

http://videolog.uol.com.br/video.php?id=454455

Caso fique constatado por você que ao que pude constatar através de fotos no orkut é próxima de um dos suspeitos, não se tratar do rapaz que todos estão acusando, vá em socorro dele afim de esclarecer esse fato com alguma declaração em seu perfil ou à imprensa virtual ou de outra espécie, pois esse fato logo tomará grandes proporções.

Atenciosamente,
Marlon Santana




Edit: Passando pelo Blog lembrei dessa postagem aqui... foi sobre um vídeo em que aparecem alguns garotos matando um cachorro à paulada. Fiquei transtornado e enchi o texto de pleonasmos rs, mas deletaram o vídeo e já acharam os vândalos.

quinta-feira, maio 21, 2009

Por queeeeeeeeeeee?

Voltei pra dar um grito de insatisfação com as grandes marcas que andei procurando nos últimos dias (nike, osklen, adidas e kappa). Qual a dificuldade de expôr as peças com imagens planas (ou 3d) separadas por coleção/ano???

Cada vez que entro num site desse tem videozinho, animação em flash, florzinha, praia, prancha, futebol, jogador, modelo, pontos turísticos... MAS NADA DO QUE INTERESSA!!!

Quero ver a ----- das ROUPAS! ------!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Tava bom demais pra...

Michel Gondry, do qual já falei tanto por aqui, dirigiu um filme chamado "Rebobine, Por Favor"(Be Kind, Rewind) que pra mim interrompeu sua série de filmes de bom gosto.

O filme nem é tão ruim, mas não chega a ser bonzinho como também não é um fiasco. Mas não gostei. Obviamente.

Pra não fugir dos paralelos que costumo apontar, diria que essa minha decepção é a mesma que se tem com pessoas que gostamos. Aos olhos de outros podem parecer coisas ínfimas, só que para nós é um marco, pois sempre esperamos em quem confiamos.

Daí se escolhe gozar pouco e sem decepções ou viver de peito aberto e oscilar entre céu e inferno.