quinta-feira, outubro 07, 2010

Redescobrindo tesouros

Ouvir a mesma playlist diversas vezes tem lá suas vantagens como, por exemplo, acabar ouvindo, de fato, a música que você escutou mais de mil vezes por causa da melodia.

Amor, Deixa o verão [pra mais tarde] (Los Hermanos)! Que coisa mais gostosa! Qual vai ser do sábado? Vou arrumadão ou new wave? "Enquanto eu penso você sugeriu/ um bom motivo pra tudo atrasar." Ainda tá cedo à beça, "chegando às seis tá bom demais", vamos nos amar...

Amor, vamos não... "não to muito afim de novidade", pegar fila grande pra curtir, toda aquela confusão... "considere toda hostilidade que há da porta pra lá"!

Enquanto eu argumento você se deixa convencer "e assim a gente não sai [porque] esse sofá tá bom demais/ Deixa o verão pra mais tarde...", vamos curtir a primavera da nossa vida, a primavera do nosso amor.

Amor pra ensinar

Puro eufemismo. Simplesmente são os que não deram certo, mas no balanço geral foram bacanas. O chato é essa história da gente sempre ter algo a mais pra aprender nos relacionamentos. E o mais estranho é você passar a enxergar o quanto foram pacientes contigo enquanto você incorria nesses mesmos erros.

O chato são esses drops de paixão. Eu, que sou um cara preguiçoso, sinto mais pelo caminho que percorri até ver que não ia ter mais como ir adiante e me ver forçado a caminhar tudo de volta até aquela bifurcação que eu dobrei à esquerda e retomar o fluxo. Durante o retorno a gente revê no caminho aqueles pontos em que curtimos com o agora ex-amor, o banco que sentamos, o restaurante que almoçamos, que aos poucos vão ficando pra trás enquanto a gente segue adiante.

Se pra todo amor que começa outro termina, seria prudente a gente considerar melhor se de fato devemos dobrar naquela via da próxima vez, pois podemos estar terminando um amor pra começar outro que não vale a pena. Seria verdade, se eu não acreditasse em Fernando Pessoa.

Bem, não há do que reclamar, afinal eu vim atrás de algo diferente do marasmo que andava assolando meus dias. No entanto, nem aos céus ou ao inferno!

Pois é, não serviu nem de inspiração, coisa que acho ótima, pois os mais inspiradores são os que mais tiram sangue da gente! Sangue que sai em lágrimas e palavras, isso quando não fica preso no peito com vontade de explodir.

Já escreveram tanto sobre esse tema e nunca o esgotarão, mas "acho que estou pedindo uma coisa normal, felicidade é um bem natural".

Segundo Confúcio, eu tenho duas classes de problemas: os meus e os do resto do mundo. Então é esperar essa história decantar e trocar a água. Nem subjetividade está funcionando. Preciso encerrar um dos post que há de constar no rol dos que hei de ter vergonha de assumir a autoria dentro de algum tempo.

sábado, junho 12, 2010

Tony Silver

Andava com sentimento de culpa. Cada vez mais sem contato com o mundo virtual acessado pela rede mundial com fins de lazer, sempre encontrava um momentinho para lamentar sua ausência na seara dos diários online. Não nascera na época dos diários escritos à caneta, com preocupações de sigilo e frustrações em invasões à privacidade. Só aprendeu a escrever para a leitura de outrem.

"O mundo não está corrido só para mim!" - exclamava ao buscar respaldo por sua ausência na dita atividade perscrutando os escritos de seus escritores mais próximos. Além dos recém-casados, novos pais e os estagnados, encontrara um de seus autores favoritos aparentemente tão alheio à esfera de postagens quanto ele! Estaria este fazendo uma viagem de autoconhecimento ou até mesmo viajando pelo país sede da Copa do Mundo de Futebol e ou envolvido com outro projeto, tão atarefado quanto ele? Infeliz fora sua surpresa ao encontrar um provocante, saboroso e inspirador texto datado de não mais que uma semana. No entanto, uma surpresa deveras tão agradável haveria de ser infeliz? Uma pílula de sarcasmo e bom humor acompanhada de um ótimo vinho Português - Ortografia, vol. II, editora Abril, 2009, que alimentou o seu cérebro com aquela deliciosa sensação de coisas maravilhosas que só aparecem oriundas de uma brecha no espaço-tempo.

Sentiu-se leve e exaurido. Resolveu repousar, pois o seu autor querido é bem guarnecido financeira e publicitariamente para ter esses repentes literários ao longo dos meses.

domingo, abril 18, 2010

Relapsidade

Tinha por meta escrever sobre assuntos aleatórios ao menos duas vezes por mês. Comecei criando vários rascunhos para elaborar melhor posteriormente e agora só tenho um monte de textos desatualizados e sentenças descontextualizadas.

Não lembro quem foi o, de fato, infeliz que disse que a arte e a poesia só prestam quando provenientes de espíritos carentes de felicidade, mas é fato. Acho que estou inclusive me parafraseando. Totalmente sem inspiração. Como muitas outras coisas, deve ter todo um lance de componentes químicos do nosso organismo que influenciam aí nesse meio. Talvez o nosso cérebro fique mais sensitivo buscando pingos de felicidade e poesia em todo movimento, enquanto ficamos em torpor quando estamos transbordando de alegria.

O nosso cérebro talvez entenda que já temos o que procuramos, felicidade, assim ele não precisa mais de outras faculdades para auxiliar nossa busca pessoal pelo El Dorado espiritual. Assim a gente fica condescendente, benevolente, resiliente... como também, infelizmente, um pouco deprimente, inconsequente e negligente.

Um asteroide se choca contra a terra. Agora já dá pra encerrar. Queria terminar com uma frase de impacto e foi o melhor que consegui no momento.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Como le gusta

"Com certeza. Eu tenho o hábito de enxergar "verdades" em lugares em que as pessoas não dão muito crédito, como nas palavras de um analfabeto bêbado às 4 e pouca da manhã ou nas letras de algum rapper americano. Nesse último caso, tem uma letra em que o cara se declarando pra mulher diz "I'm a movement by myself, but I'm a force when we're together... I'm good all by myself, but baby you make me better". É uma felicidade diferente. A gente é feliz com os sobrinhos, com os pais, irmãos, amigos, mas o amor é simplesmente diferente. Talvez pela fragilidade, pela não obrigação dos laços afetivos... a gente se perde e se acha..."

Escrevi o parágrafo supra em comentário a um post de uma colega de blog. Não obstante, escrevo agora sobre algo que acredito ser fundamental no caminho para se atingir o auto conhecimento, a felicidade e o amor: estou a falar da morte. Quando você a visualiza próxima, você lembra que dinheiro é meio e não fim. Lembra do que é de fato bobeira e o que te faria vergonha se fosse o seu último pensamento, sua última ação. Você lembra de quem realmente importa pra você, sem média e sem interesses. Lembra do que te faz feliz e de como pode fazer os outros sorrirem. Lembra de ajudar e pedir ajuda, porque você não tem tempo a perder. Lembra que não te sobra espaço para arrependimentos porque cada momento em que você se arrepende é outro que você irá lamentar por ter perdido. Pede desculpas, perdoa e transforma tempestades em orvalhos refrescantes. Só porque você sabe que está todo mundo indo para o mesmo lugar e você pode escolher aquela viagem tranquila e planejada sem atribulações ou aquela em que você erra o caminho, fura o pneu sem ter step, dinheiro, acaba a gasolina e a bateria onde só se tem mais dor de cabeça para se alcançar o mesmo destino.

O Mestre do Parquinho

Acho fantástico quando vejo aquelas pessoas que se dedicam tanto e acham tão cool fazer muito e muito bem algo que em geral as pessoas não dão valor. Estava assitindo à Tv Galicia, da Espanha, e vi uma mulher tocando gaita de fole com tanta, mas tanta... ternura! Tanta entrega! Como se o sol dependesse daquele solo para manter a Terra aquecida! Se sentindo praticamente o Beethoven da gaita de fole!

Tenho um amigo que se vangloria da farofa de ovo que ele faz. Daí eu pra sacanear falo: "Cara, tu já viu o pão com manteiga que eu preparo???". Um outro pergunta se ele deixa a gente andar com ele no recreio. É o que eu perguntaria à Dna da gaita de fole. Você não tem noção das caras e bocas! Parecia o Jimmy Hendrix da gaita de fole! Achei que no final ela ia pegar a gaita de fole e bater no chão, no palco, jogar pra cima e atirar pra galera! Tia, você é tão legal, posso sentar contigo na hora da merenda??

A gente vê muito disso no Guinness Book. Podiam separar os recordes que ninguém quer quebrar por ser idiota. Só uma ideia!

Música e lindas coxas

Falar que não escrevo sob influência de alguma experiência ou tentar maquiar como opinião meramente técnica é bobeira. Todos nossos pareceres, opiniões e ações são reflexo de algo. Até mesmo os instintos - frutos de nossa natureza.

Não ando muito inspirado para escrever, mas voltei a ler como nos tempos de infância em que comia livros e tinha uma ótima concentração. Estou tentando avaliar se essa oscilação é boa e se seria proveitosa para uma carreira eu, por exemplo, ter bloqueio em me relacionar com pessoas durante um período, mas me sair bem em atividades de raciocínio.

Assim sendo, lembrei de alguém falando após ser interpelado se gostava de música que essa pergunta era semelhante a se perguntassem a alguém se este gosta de comer. Partindo daí, lembrei de duas músicas que antes não significavam nada e hoje em dia uma eu peço pra tocar sempre que alguém pega em um violão e pede uma sugestão e a outra eu deletei do computador e quebrei o cd em que estava.

Lya Luft falou sobre a atual corrida pra ver quem tem mais casos amorosos por mês/semana/noite. Quem fode mais ganha! Gente igual a, "por exemplo os cachorro(sic), que come a própria mãe, sua irmã e suas tias". A partir disso, eu vejo o tamanho desrespeito das pessoas pelas instituições amorosas como o casamento, noivados e afins. Tanto quem está dentro como quem está fora. Banalização. É aquela olhadinha pra mulher do outro. É a safada dando mole pra quem tá olhando. É o homem que nem esquenta porque está olhando pra outra mulher enquanto acontece tudo. Daí a gente vê uma música cantada por Jorge Aragão e Emílio Santiago falando que "Logo Agora" que se estava indo embora, reparou no sorrisinho malicioso de uma safada que estava aos beijos com seu namorado que foi embora, talvez consolado pelos beijos que recebeu, mas que na verdade despertou o instinto de fêmea desta e que se o tal não fez amor com a moça, ele o faz! Qual dos três é o pior?

Agora, junta uma música que tem um tom que vai bem com a minha voz bem alta sem desafinar, com uma letra que todo mundo sabe, uma ambiguidade que poucos reconhecem e com conteúdo pessoalmente significante! Cara... "Te fiz comida, velei teu sono, fui teu amigo, te levei comigo e me diz, pra mim o que é que ficou?" - Te respondo: ficou dignidade, experiência e a certeza de mais uma coisa que você não quer pra sua vida!

terça-feira, janeiro 05, 2010

Galo depenado

Ai daqueles
Que se amaram sem nenhuma briga
Aqueles que deixaram
Que a mágoa nova
Virasse a chaga antiga

Uma das principais características do ser humano é bem-querer o próximo. A gente vive quebrando a cara e vai logo tentando passar adiante uma experiência de vida para que outros não tropecem naquele buraco que a gente não viu. Mas isso é buscando o bem de outrem ou a gente se martiriza, algumas vezes nos expondo ao ridículo, atrás de um pouco de solidariedade?

Alguns acreditam ser uma habilidade de pessoas dotadas de alto nível de inteligência interpessoal aprender com a falha alheia, não cometer os mesmos erros através de medidas cautelares. Entretanto, ao mesmo tempo vem a mídia incentivando você a ir onde ninguém jamais foi e obter sucesso onde o outro falhou. Pelo sim ou pelo não você acaba ouvindo, nem que seja da sua própria consciência, o famoso "não foi por falta de aviso".

Ainda mais quando o tema é amor, relacionamentos. Para uns o casamento é uma tortuosa odisséia e para outros uma esperada panacéia. Entre o céu ou o inferno, quando a gente menos espera, se vê jogando os dados da felicidade e até que seja selada a sorte, começamos a descobrir o espectro de cores que vai de tons vermelhos e azuis até cinza. Alguns ficam naquelas cores que a gente passa a vida sem saber definir direito, fúscia, azul royal, amarelo-38, caramelo-22 e que de vez em quando voltam a tingir o nosso pano de fundo.
Ai daqueles que se amaram
Sem saber que amar é pão feito em casa
E que a pedra só não voa
Porque não quer
Não porque não tem asa
Acho que Paulinho (Paulo Leminski não iria se chatear de ser chamado assim, certo?) deveria dividir seus amores entre pedras-pedras e as pedras voadoras. Quem se dói pelos outros está a sentir pena, e se quem tem pena é galinha, prefiro não cacarejar por ninguém já que pra bem ou mal todo mundo aprende alguma coisa e vai sendo lapidado, até virar uma pedra polida o suficiente para enfim alçar vôo.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Presunção desregrada

Da última vez terminei a postagem lançando uma modesta crítica ao dizer que estava a encerrar de forma luftiana porque fico apreensivo quando leio os textos dela, Lya Luft, e percebo de canto de olho que está próximo de terminar e ao chegar ao derradeiro momento parece que me tomaram o prato de comida no meio da refeição! Mas, afinal, quem é Lya Luft?

"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe." - essa é Lya Luft.

Conheceu seu primeiro marido aos 21 anos, ele tinha 40. Teve três filhos. Dos 25 aos 47 anos foi casada com Celso Pedro Luft. Separou-se dele em 1985 e foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em 1995.

Textos amenos. Uma espécie de fingimento de que na vida tudo é bom. A morte é encarada como uma coisa normal. Mas gostaria que todos os seus amigos fossem eternos. Mesmo assim, acha a morte uma coisa mágica.

A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje é quase uma imposição: a ordem é fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem é não fumar, não beber. É essa loucura o dia inteiro na cabeça. Quem não for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trás. Hoje as pessoas estão sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessário. Especialmente as mulheres que fazem plástica logo que vêem uma ruga no rosto. Plásticas de inteira inutilidade. E isso também inclui a febre atual da mídia, particularmente nas revistas femininas. Só se fala como se pode ter vários orgasmos numa única noite. Só se fala em como a mulher deve agir para segurar seu homem pelo sexo, especialmente o oral. São fórmulas de um mundo conturbado, que foge ao afeto, distante de qualquer felicidade. Essa é outra coisa para o enlouquecimento. Em todo lugar, o que existe é a supervalorização do sexo. Quem não estiver fazendo sexo sem parar o tempo todo passa a ser anormal. Muita gente fica complexada porque não consegue vários orgasmos numa noite. É tudo uma imposição."

"Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar me dá uma enorme alegria. Além disso, sou uma mulher simples, em busca cada vez mais de mais simplicidade. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer. Sou uma amadora da vida." Quem não merece respeito algum de ninguém?-lhe perguntaram- "Todos merecem algum respeito, no mínimo compaixão".

"Normalmente produzo mais de manhã bem cedo. Gosto de ver o dia nascer, aqui na minha mesa de trabalho e do meu computador". Bem, se você ainda não exergou a Lya Luft que existe em mim, pode vislumbrar uma pequena parte ao simplesmente tomar nota do horário que escrevo aqui.

Esses Beatles ...

Digo que fico perplexo com coincidências porque são tantas coisinhas que acabam, redundantemente, coincidindo que você para pra pensar e resolve escrever!

A última foi numa tarde em que eu estava fazendo nada, minha sobrinha ligou a televisão e colocou em um canal de esportes. O cara começou a falar de seleção brasileira, jogadores brasileiros que jogam fora do Brasil, jogadores que estão na Inglaterra, Fábio Aurélio... que joga no Liverpool e mora em um condomínio de mansões atrás de Strawberry Fields. Daí começaram a falar dos Beatles. Não sei da onde eu tirei, mas associei uma coisa à outra e procurei pela letra de "Dezesseis" do Legião Urbana e lá estava o elo perdido! Aquele trecho da música em que todo mundo nas rodinhas de violão canta "istró bé with you, foreveeer", descobri o danado!

Me sinto envergonhado por ainda falar que curto Beatles, mas feliz ao mesmo tempo por ainda descobrir coisas novas de uma fonte que não pode produzir mais nada.

Ia dizer que agora você me perguntaria "e o que que eu tenho a ver com isso?", mas foi um exemplo banal, com certeza já aconteceu algo parecido contigo. Detalhes são sexy. O trivial é maçante. Viva à frivolidade! O que seria do bolo sem a cobertura e as cerejas?

Se você deve ao Dinho...

Quem curte um Pagodinho?(quem não entendeu o trocadilho mande um e-mail que eu vos elucidarei).

Eventualmente vejo alguns amigos relutando para não curtir aquele sonzinho "mela-cueca" que não sai da cabeça, tem ritmo e dá vontade de dançar. Uns enchem o peito para dizer: "Eu gosto é de samba!". Acontece é que há toda uma indústria especializada para a criação de músicas populares que agradem de forma subliminar.

Letra. O tema na maioria esmagadora das vezes é desilusão amorosa, final de relacionamento, paixões & cia. Isso já ajuda para criar um vínculo com o ouvinte, afinal a sociedade inteira já se viu em meio a uma situação dessas.

Arranjo. É todo um preparo, similar à criação dos jingles que querem atingir o consumidor no inconsciente: "Pipoca e guaraná, que programa legal! Só eu e você..." é, amigo, tá ali no mesmo barco. Essas coisas que não saem da cabeça! Cara, acabei de descobrir que eu tinha 3 anos quando passava essa propaganda, puta que o pariu, eu lembro da letra todinha, direitinho! Enfim, são músicos, pessoas que estudaram/estudam música e que sabem sequenciar acordes de forma harmônica a fim de através de notas nos conduzir pelo som.

Propaganda. Veiculação nas rádios com grande número de ouvintes. A chance de você acabar ouvindo sem querer por um veículo transitando, em algum estabelecimento ou na casa do vizinho é bem grande. Programas de auditório, casas de show com preços populares, entrevistas na mídia, comerciais, outdoors, internet... lembrem-se o alvo é a massa: vender muito e pra muitos.

Bola de neve. Um amigo mais inclinado a gostar de pagode começa a disseminar em seu grupo social o novo hit quando o pessoal pega uma carona no carro dele ou estão na sua casa e ficam sem jeito de pedir para mudar de música. Os grupinhos de pagode da esquina começam a tocar as mais pedidas da rádio. Quem ainda não ouviu quer ouvir, conhecer qual é a música que anda fazendo tanto sucesso. A mídia volta a enfocar o grupo por conta do sucesso que anda fazendo...

Para não me estender muito, ocorre essas e outras muitas situações que se somam a essa dita bola de neve. Daí a gente fica ouvindo e cantando até cair no esquecimento. Costumo falar para meus amigos que também gostam de samba que o pagode é a amante e no final a gente sempre acaba voltando para os braços da primeira-dama. Afinal, quem tem competência se estabelece: sambistas que há muito se foram são constantemente lembrados, já os pagodeiros que não lançam músicas novas com frequência acabam caindo no ostracismo. (Vou terminar assim mesmo, hoje estou meio Lya Luft).

Voltei por caqui

Quando era moleque eu tinha uma fixação por caquis. Achava fenomenal alguém fazer uma música dedicada a uma fruta! O cara volta... agora pra ficar, por caqui! Caqui é o seu lugar! Cara eu achava lindo, comia caqui cantando essa música, lembrava do cachorrinho da propaganda da Cofap... até que descobri a letra certa. Lembrei do pessoal lá em casa rindo e eu crente que eles achavam bonitinho eu cantar a música, mas estavam era achando graça da minha confusão. É igual aquela galera que depois de grande descobriu que o símbolo do Carrefour não era um etezinho de gôrro, mas sim uma subliminar letra C.

Enfim, isso foi o que me lembrei ao colocar esse título. Lembrei também agora da confusão que eu fazia nas aulas de redação quando não conseguia diferenciar título de tema e vice-versa, mas isso já é outra história. O motivo desse título é explanar para alguns leitores que não gozam do meu convívio social de forma mais íntima e não tiveram como saber o que foi meu mês de outubro e meu mês de novembro. Interrompi uma sequência de postagens e leituras de blogs porque só tinha um tema em mente e anseiava ser lido por apenas uma pessoa, daí resolvi ocupar meu tempo com outras atividades.

Eu poderia ter citado uma obra do magnífico compositor que foi Candeia antes de me ausentar, mas não ousaria desbotar o brilho das palavras do mestre com coisa deveras medíocre. Em uma de suas letras ele escreveu:

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...


Candeia vale um livro, mas deixo aqui uma nota sobre esse carioca de Oswaldo Cruz. Sambista de primeira que teve sua vida marcada por um caso fortuito que o deixou paraplégico, mas como disse Martinho da Vila em um pot-pourri em sua homenagem: "Se Candeia não vai ao samba, o samba vai até Candeia!". Andava desgostoso da vida até que com muita insistência o levaram ao Teatro Opinião. Ao entrar de cadeira de rodas fora aplaudido de pé. Começou a tocar seu violão, de forma calma e gentil até todos ficarem atônitos e silenciosos, e então disparou: "De qualquer maneira, meu amor, eu canto. De qualquer maneira, meu encanto eu vou cantar". Após várias músicas, foi se recolhendo do palco lentamente enquanto a plateia cantava em uníssono esse mesmo verso. Morreu aos 43 anos, todavia, como no caso de outros grandes artistas, a sua obra está sendo perenizada por musicos de variadas gerações.

Fico me perguntando se estou deixando de viver hoje algo que meus filhos irão vir a lamentar pelo meu desleixo. Fico pesaroso ao saber que meu pai não se fazia presente nas rodas de samba dos grandes mestres, da nata da vida boêmia dos tempos de ouro do Rio de Janeiro! Minha mãe ao menos curtia os beatles! Será que meus filhos serão fãs de Nx Zero & amigos? "Pai, não acredito que você não ia aos shows do Forfun!!!". Foi mal, filhão!