quinta-feira, janeiro 28, 2010

Como le gusta

"Com certeza. Eu tenho o hábito de enxergar "verdades" em lugares em que as pessoas não dão muito crédito, como nas palavras de um analfabeto bêbado às 4 e pouca da manhã ou nas letras de algum rapper americano. Nesse último caso, tem uma letra em que o cara se declarando pra mulher diz "I'm a movement by myself, but I'm a force when we're together... I'm good all by myself, but baby you make me better". É uma felicidade diferente. A gente é feliz com os sobrinhos, com os pais, irmãos, amigos, mas o amor é simplesmente diferente. Talvez pela fragilidade, pela não obrigação dos laços afetivos... a gente se perde e se acha..."

Escrevi o parágrafo supra em comentário a um post de uma colega de blog. Não obstante, escrevo agora sobre algo que acredito ser fundamental no caminho para se atingir o auto conhecimento, a felicidade e o amor: estou a falar da morte. Quando você a visualiza próxima, você lembra que dinheiro é meio e não fim. Lembra do que é de fato bobeira e o que te faria vergonha se fosse o seu último pensamento, sua última ação. Você lembra de quem realmente importa pra você, sem média e sem interesses. Lembra do que te faz feliz e de como pode fazer os outros sorrirem. Lembra de ajudar e pedir ajuda, porque você não tem tempo a perder. Lembra que não te sobra espaço para arrependimentos porque cada momento em que você se arrepende é outro que você irá lamentar por ter perdido. Pede desculpas, perdoa e transforma tempestades em orvalhos refrescantes. Só porque você sabe que está todo mundo indo para o mesmo lugar e você pode escolher aquela viagem tranquila e planejada sem atribulações ou aquela em que você erra o caminho, fura o pneu sem ter step, dinheiro, acaba a gasolina e a bateria onde só se tem mais dor de cabeça para se alcançar o mesmo destino.

O Mestre do Parquinho

Acho fantástico quando vejo aquelas pessoas que se dedicam tanto e acham tão cool fazer muito e muito bem algo que em geral as pessoas não dão valor. Estava assitindo à Tv Galicia, da Espanha, e vi uma mulher tocando gaita de fole com tanta, mas tanta... ternura! Tanta entrega! Como se o sol dependesse daquele solo para manter a Terra aquecida! Se sentindo praticamente o Beethoven da gaita de fole!

Tenho um amigo que se vangloria da farofa de ovo que ele faz. Daí eu pra sacanear falo: "Cara, tu já viu o pão com manteiga que eu preparo???". Um outro pergunta se ele deixa a gente andar com ele no recreio. É o que eu perguntaria à Dna da gaita de fole. Você não tem noção das caras e bocas! Parecia o Jimmy Hendrix da gaita de fole! Achei que no final ela ia pegar a gaita de fole e bater no chão, no palco, jogar pra cima e atirar pra galera! Tia, você é tão legal, posso sentar contigo na hora da merenda??

A gente vê muito disso no Guinness Book. Podiam separar os recordes que ninguém quer quebrar por ser idiota. Só uma ideia!

Música e lindas coxas

Falar que não escrevo sob influência de alguma experiência ou tentar maquiar como opinião meramente técnica é bobeira. Todos nossos pareceres, opiniões e ações são reflexo de algo. Até mesmo os instintos - frutos de nossa natureza.

Não ando muito inspirado para escrever, mas voltei a ler como nos tempos de infância em que comia livros e tinha uma ótima concentração. Estou tentando avaliar se essa oscilação é boa e se seria proveitosa para uma carreira eu, por exemplo, ter bloqueio em me relacionar com pessoas durante um período, mas me sair bem em atividades de raciocínio.

Assim sendo, lembrei de alguém falando após ser interpelado se gostava de música que essa pergunta era semelhante a se perguntassem a alguém se este gosta de comer. Partindo daí, lembrei de duas músicas que antes não significavam nada e hoje em dia uma eu peço pra tocar sempre que alguém pega em um violão e pede uma sugestão e a outra eu deletei do computador e quebrei o cd em que estava.

Lya Luft falou sobre a atual corrida pra ver quem tem mais casos amorosos por mês/semana/noite. Quem fode mais ganha! Gente igual a, "por exemplo os cachorro(sic), que come a própria mãe, sua irmã e suas tias". A partir disso, eu vejo o tamanho desrespeito das pessoas pelas instituições amorosas como o casamento, noivados e afins. Tanto quem está dentro como quem está fora. Banalização. É aquela olhadinha pra mulher do outro. É a safada dando mole pra quem tá olhando. É o homem que nem esquenta porque está olhando pra outra mulher enquanto acontece tudo. Daí a gente vê uma música cantada por Jorge Aragão e Emílio Santiago falando que "Logo Agora" que se estava indo embora, reparou no sorrisinho malicioso de uma safada que estava aos beijos com seu namorado que foi embora, talvez consolado pelos beijos que recebeu, mas que na verdade despertou o instinto de fêmea desta e que se o tal não fez amor com a moça, ele o faz! Qual dos três é o pior?

Agora, junta uma música que tem um tom que vai bem com a minha voz bem alta sem desafinar, com uma letra que todo mundo sabe, uma ambiguidade que poucos reconhecem e com conteúdo pessoalmente significante! Cara... "Te fiz comida, velei teu sono, fui teu amigo, te levei comigo e me diz, pra mim o que é que ficou?" - Te respondo: ficou dignidade, experiência e a certeza de mais uma coisa que você não quer pra sua vida!

terça-feira, janeiro 05, 2010

Galo depenado

Ai daqueles
Que se amaram sem nenhuma briga
Aqueles que deixaram
Que a mágoa nova
Virasse a chaga antiga

Uma das principais características do ser humano é bem-querer o próximo. A gente vive quebrando a cara e vai logo tentando passar adiante uma experiência de vida para que outros não tropecem naquele buraco que a gente não viu. Mas isso é buscando o bem de outrem ou a gente se martiriza, algumas vezes nos expondo ao ridículo, atrás de um pouco de solidariedade?

Alguns acreditam ser uma habilidade de pessoas dotadas de alto nível de inteligência interpessoal aprender com a falha alheia, não cometer os mesmos erros através de medidas cautelares. Entretanto, ao mesmo tempo vem a mídia incentivando você a ir onde ninguém jamais foi e obter sucesso onde o outro falhou. Pelo sim ou pelo não você acaba ouvindo, nem que seja da sua própria consciência, o famoso "não foi por falta de aviso".

Ainda mais quando o tema é amor, relacionamentos. Para uns o casamento é uma tortuosa odisséia e para outros uma esperada panacéia. Entre o céu ou o inferno, quando a gente menos espera, se vê jogando os dados da felicidade e até que seja selada a sorte, começamos a descobrir o espectro de cores que vai de tons vermelhos e azuis até cinza. Alguns ficam naquelas cores que a gente passa a vida sem saber definir direito, fúscia, azul royal, amarelo-38, caramelo-22 e que de vez em quando voltam a tingir o nosso pano de fundo.
Ai daqueles que se amaram
Sem saber que amar é pão feito em casa
E que a pedra só não voa
Porque não quer
Não porque não tem asa
Acho que Paulinho (Paulo Leminski não iria se chatear de ser chamado assim, certo?) deveria dividir seus amores entre pedras-pedras e as pedras voadoras. Quem se dói pelos outros está a sentir pena, e se quem tem pena é galinha, prefiro não cacarejar por ninguém já que pra bem ou mal todo mundo aprende alguma coisa e vai sendo lapidado, até virar uma pedra polida o suficiente para enfim alçar vôo.