terça-feira, janeiro 05, 2010

Galo depenado

Ai daqueles
Que se amaram sem nenhuma briga
Aqueles que deixaram
Que a mágoa nova
Virasse a chaga antiga

Uma das principais características do ser humano é bem-querer o próximo. A gente vive quebrando a cara e vai logo tentando passar adiante uma experiência de vida para que outros não tropecem naquele buraco que a gente não viu. Mas isso é buscando o bem de outrem ou a gente se martiriza, algumas vezes nos expondo ao ridículo, atrás de um pouco de solidariedade?

Alguns acreditam ser uma habilidade de pessoas dotadas de alto nível de inteligência interpessoal aprender com a falha alheia, não cometer os mesmos erros através de medidas cautelares. Entretanto, ao mesmo tempo vem a mídia incentivando você a ir onde ninguém jamais foi e obter sucesso onde o outro falhou. Pelo sim ou pelo não você acaba ouvindo, nem que seja da sua própria consciência, o famoso "não foi por falta de aviso".

Ainda mais quando o tema é amor, relacionamentos. Para uns o casamento é uma tortuosa odisséia e para outros uma esperada panacéia. Entre o céu ou o inferno, quando a gente menos espera, se vê jogando os dados da felicidade e até que seja selada a sorte, começamos a descobrir o espectro de cores que vai de tons vermelhos e azuis até cinza. Alguns ficam naquelas cores que a gente passa a vida sem saber definir direito, fúscia, azul royal, amarelo-38, caramelo-22 e que de vez em quando voltam a tingir o nosso pano de fundo.
Ai daqueles que se amaram
Sem saber que amar é pão feito em casa
E que a pedra só não voa
Porque não quer
Não porque não tem asa
Acho que Paulinho (Paulo Leminski não iria se chatear de ser chamado assim, certo?) deveria dividir seus amores entre pedras-pedras e as pedras voadoras. Quem se dói pelos outros está a sentir pena, e se quem tem pena é galinha, prefiro não cacarejar por ninguém já que pra bem ou mal todo mundo aprende alguma coisa e vai sendo lapidado, até virar uma pedra polida o suficiente para enfim alçar vôo.

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